segunda-feira, 14 de julho de 2008

Eu, as motos, os cães e as t'shirts


Vou confessar-vos uma coisa que quase é um acto indecoroso para um homem.
Não! Fiquem descansados, não vou falar das partes pudendas do meu corpo ou do corpo de alguém que eu conheça.

Não sei o que se deu comigo, aquando da formação adolescente, que devo ter perdido qualquer coisa e houve alguns assuntos que escaparam à minha doutrinação.
Se calhar faltei a algumas aulas que todos tiveram menos eu.
E o pior é que aquilo que vos vou revelar são, habitualmente, coisas de rapazes.

Não! Também não é isso que estão a pensar, que raio, não faltei assim a tantas aulas.

O que quero declarar é que não percebo patavina de marcas de cães, de carros e de motas.
Para mim o que tiver um orifício onde se meta gasolina, se ponha a trabalhar e ande quando se acelera, é muito simples:
a) Quatro rodas - é um carro.
b) Duas rodas - é uma moto ou motocicleta para ser mais rigoroso.
Ponto final.
Não consigo ir mais além.

Discutir marcas, cilindradas, válvulas, consumos e arranques dos zero aos cem, para mim é uma linguagem que nunca consegui entender.
É assim como ouvir uma mulher muito boa a falar e não entender coisa nenhuma, admiramos o embrulho, sabemos manusear, mas não entendemos, nem nos interessa entender o recheio.
Com os cães é a mesma coisa. Eu sei que são assim como as pessoas há pequenos, grandes, baixos, altos, machos e fêmeas, e pouco mais. Têm uma boca que deve estar confiadamente a uma distância prudente de qualquer parte do nosso corpo, gostam muito de mijar nas rodas dos nossos carros. E mais nada.

Sim eu sei que é redutor confessar isto em pleno século vinte e um, mas comigo é assim. Ufa...já me sinto muito melhor!

Mentira! Estou na mesma.
Mas também não interessa nada.
O que eu queria realmente falar-vos tem a ver com motos e motards.

No passado fim-de-semana assisti a uma daquelas concentrações de tipos com grandes bigodes e barbas de cor branca queimada pelo tabaco ou pela sujidade, com as gorduras a saltar e a lutar ofegantes para romper os fatos de cabedal, e, ainda por cima, com lenços amarrados à cabeça assim ao jeito de padeira em momento de fabrico, só com mais bolinhas e outros desenhos esquisitos.
Achei sublime a imagem que o acaso colocou à minha frente.

Eram centenas de motas, centenas de tipos e...então?!
Onde estão as senhoras de mamas XXL e t’shirts molhadas?

Não estão.
Não Estão?!!! Reclamei eu indignado.
Mas então para que serve este ajuntamento?

Comecei, curioso, a observar mais atentamente, descobrindo e imaginando o mundo maravilhoso dos motards.
E acho que percebi o facto de não terem vindo as senhoras.
Devia ser por isso que, neste encontro, muitos dos participantes tinham capacetes que exibiam dois grandes exemplares dos mais ostentosos chavelhos.

Encostados à sua motocicleta, com aquele ar de macho que conquistou a dama em época de cio, olham para uns para os outros e para nós como quem diz:
-”Uau! Sou mesmo bom, não há pai para mim, eu sou o maior”.

Raramente olham para o chão, o que seria uma tarefa inglória dado o volume da cavidade abdominal, transformada num bandulho da tão grandes proporções que poderia pôr em risco o ponto de equilíbrio mesmo nos mais sóbrios.
Às vezes juntam-se três ou quatro e começam a falar uns com os outros, ou fala um e os outros abanam a cabeça para cima e para baixo, e por vezes até um ou outro dedo da mão que não estiver a segurar no copo da cerveja.
Pensei logo...ah...só falam de sexo.

Que dizem eles?
-“Sabes o que eu gosto é de a passar a pano.”
Pensei logo...ah...estão a falar de sexo. Mas não!
Ouçamos:
-“Ai sim? E como é que fazes? Primeiro é com a mangueira, certo?”
-“Claro que sim!”
-“Eu sabia! Eu sabia! Oh pá, é tão impressionante.”
-“Olha mas sabes?”
-“O quê?”
-“Eu gosto de a sentir, curva por curva, com jeitinho e com calma, sem pressas. Tás a ver?”
-“Pois, imagino...mas a minha é maior que a tua.”
Não! Não estavam a falar de sexo, era de motas.

O que é isto?
Parecem duas barbies a conversar, ou pior...(deixo à vossa consideração).
Sabem?
Acho que, sem t’shirt molhada os motards não se deviam concentrar.
A coisa fica, como dizer?...A coisa fica sem graça e não há assunto que resista.
Uma concentração exige um pouco mais de esforço, meus senhores.

2 comentários:

Anónimo disse...

Tenho a msma relação com os automóveis e as motos. Gosto de ambos ( hoje em dia motos já não...) mas não pecebo patavina de marcas, mecânica e essas coisas todas. Se calhar também faltei às aulas.

Victor Cardoso disse...

Caro Carlos nessas aulas, se calhar, fomos dar uma volta com as "garinas" de então....