segunda-feira, 1 de março de 2010

Tomates da Madeira


Sempre senti um tipo de atracção mental e esquisita por Alberto João Jardim.
Pela figura, pela postura, pela arrogância, pela maneira como, com a maior das facilidades e astuta argumentação, é capaz de degolar ou beijar qualquer ser que lhe apareça pela frente.
Dependendo da frente que lhe fazem, qualquer mortal se arriscaria a apanhar meia dúzia de impropérios em dia mau para o Dr. Jardim. Apesar de muitas entrevistas nunca achei que houvesse um jornalista (provinciano do continente) que lhe fizesse uma entrevista, completamente limpo de preconceito. Para todos estará, mesmo inconsciente, a ideia associada do ditador da Madeira umas vezes, do palhaço insular tantas outras. Sempre em busca de uma frase, um pensamento, um gesto que desencadeie um incêndio intelectual com o Portugal dos pequeninos, ou com o PSD dos grandes.
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Confesso que a minha admiração por Alberto João é de carácter humano e poderá, por muitos ser considerada: “Tu não tás bom da cabeça!”
Tudo bem eu aguento.
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Quem é realmente este homem capaz de representar o estado ao mais alto nível com a mesma facilidade com que desfila mascarado pela sua Madeira, ou, com a maior simplicidade, desenvolve um rol de nomes menos familiares sobre os seus queridos inimigos enquanto mastiga uma sandes de carne de vinha d’alhos no Chão da Lagoa.
Um homem feliz.
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O sorriso que sustenta habitualmente, é, para mim, indicador de um homem que só pode estar feliz. Feliz com o que faz, feliz com o seu povo, a sua causa e, até feliz, com os imbecis que se “metem com ele” - exactamente por fazerem isso mesmo.
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Considero João Jardim um ser genuíno. Um homem que não sendo do povo, é o povo. Um homem de tomates. Capaz de brincar com aqueles que brincam connosco fazendo-se passar por sérios toda a vida. Capaz de reduzir a política de circunstância e de circunstâncias que nos tem governado à sua verdadeira importância. Nada.
Alberto Jardim enquanto viver terá sempre um microfone à frente porque sempre que saltar na sua ilha, o continente há-de sentir a onda de choque.
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São estes homens inteligentes e felizes que me admiram particularmente.
Os que sempre serão capazes de mudar de opinião a bem do real interesse público. Capazes de admitir que uma coisa é a política galhofeira e outra é a vida dos seus cidadãos.
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É este homem que, quando o problema real e grave lhe bateu à porta, arrumou os brinquedos políticos na prateleira e se mostrou estadista.
Solicitando, reconhecendo e elogiando a ajuda dos que sempre combateu. Manifestando a humildade de quem arregaça as mangas para resolver.
Este é um dos grandes poderes.
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Não será tudo ouro ou azul na condução democrática dos destinos da Madeira, mas é justo perguntar: E aqui no continente é?
Será mais limpa e transparente a constância do Sr. Jardim ou a dos poderes, lobbies, e afins que os políticos do continente têm demonstrado ao longos destes 30 e tal anos de democracia?
Ao meu lado irei sempre preferir quem se assuma. Nos bons e nos maus momentos.
Força Madeira.

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