sábado, 6 de março de 2010

Que não haja mais nenhum Leandro!




Este texto foi-me enviado pela Fernanda e toca num daqueles que eu penso fazerem parte dos verdadeiros problemas desta sociedade. Ao invés de brincarmos “às casinhas” ou “aos países” podemos, de quando em vez, pensar em questões que vão escorrendo pelas nossas mãos sem que as lavemos de vez. Este caso é um de muitos que inundam os nossos dias mas que teimamos em desvalorizar. Para mim, este é um dos principais problemas da nossa escola, da nossa rua, da nossa casa. Não me lembro que algum dia, qualquer responsável tenha ocupado 5 minutos de tempo de antena para o debater convenientemente. Em abono da justiça, de igual modo, nunca vi nenhum movimento, manifestação, protesto ou crítica das associações de alunos sobre esta questão.
Algo vai realmente mal quando uma criança não vê outra saída que não seja matar-se.
Obrigado Fernanda. Este é um blog aberto a todos onde todos podem colaborar.


Desta vez, não consigo ficar calada! Sou mãe, mas mesmo que não fosse, não conseguiria ficar indiferente ao que aconteceu a Leandro, o jovem de 12 anos que cansado das agressões dos colegas, decidiu colocar termo à vida atirando-se para o Rio Tua. Um acto que demonstra o desespero em que se encontrava esta criança.
Agora e só agora, procuram-se os responsáveis.

Todos sabiam que Leandro era constantemente agredido.
Mas nunca ninguém fez nada – nem os responsáveis da escola, os professores e funcionários, que tinham a obrigação de intervir. E os pais, porque agora sabe-se que são vários os casos de violência entre os alunos daquela escola, tinham por obrigação denunciar esses casos.
Como mãe, sinto-me revoltada! Se fosse meu filho, não descansaria enquanto os culpados não fossem castigados.

É verdade que a violência escolar sempre existiu – quem nunca foi provocado ou alvo de chacota por parte dos colegas? Mas hoje, a situação é mais preocupante, são mais frequentes e mais violentas as agressões físicas e psicológicas. Como pais devemos estar atentos ao comportamento dos nossos filhos e a sinais que poderão indicar actos de violência, sofridos ou aplicados a outros. Sim, porque também deve ser dada uma maior atenção aos autores destes actos de violência – comportamentos que devem ser trabalhados, para que no futuro não se transformem em algo pior.
Também aqui, digo eu, porque não sou nenhuma especialista, os pais também devem ter um papel mais interventivo na mudança de comportamentos violentos dos seus filhos, o que infelizmente nem sempre acontece.

O meu filho vai para o 2º ciclo no próximo ano lectivo, e confesso que me sinto assustada com o que ele poderá encontrar na nova escola, um mundo totalmente diferente ao que estava habituado. Com certeza que muitos pais concordarão comigo.
Esperemos que depois do Leandro, sejam tomadas medidas para que casos destes não se repitam!

4 comentários:

estouparaaquivirada disse...

É mesmo assustador!
Pelo que ouvi no telejornal, a mãe do Leandro estava farta de ir à escola..., por outro lado, ouvi um senhor da comissão de pais afirmar que " nesta escola não há problemas" e uns segundos depois uma senhora afirmava o contrário...que grande confusão! Bem se podem sentir culpados!
XX

sarraceno disse...

Não excluíndo a escola da responsabilidade que lhe assiste, penso que os grandes responsáveis são os pais.
Como é possível, a uma mãe e pai, não terem reparado nos sinais de uma criança Dessa idade.
A mãe que se preocupa, aquela que verdadeiramente sente, dá conta de um suspiro do filho que dorme ao lado.
Não foi há pouco tempo que um pai esqueceu o bebé dentro do carro e esse morreu desidratado?
O semanário Sol traz esta notícia. Um casal norte-coreano deixou morrer uma bebé de meses à fome, simplesmente porque o tempo que dispendiam na Net à fez esquecê-la.
Cumprimentos

Teresa Fidalgo disse...

Este é um problema dramático, e continua a receber, da parte dos responsáveis, muita indiferença. Os responsáveis (e a população em eral) continuam a encará-lo como "uma coisa de crianças", e desvalorizam o problema.
Concordo consigo quando diz que deveremos todos estar atentos e intervir pela banda do ofendido, que merece todo o nosso apoio, mas também do lado do agressor. Ficar quietos é que não podemos - ou queremos nós uma sociedade completamente desfuncional?
Escrevi, lá no meu cantinho, sobre isto. E escrevi, inflizmente, na primeira pessoa (embora o omita). Claro que não é um caso com a gravidade deste que chocou todo o país, mas é certamente uma situação que, como tantas outras, tem sido desvalorizada e incompreendida. A história que conto é longa e pode acabar pr se tornar enfadonha, mas a verdade é que não pude suprimir nenhum parágrafo - aliás, precisamente para não ser excessivamente longa, reduzi-a bastante.
Obrigada por se preocupar com esta problemática que cada vez mais afecta a escola e a sociedade em geral.

Victor Cardoso disse...

Papoila, Sarraceno e Teresa obrigado pela vossa contribuição é sempre um prazer ler os vossos comentários, concordo plenamente com as vossas opiniões.