sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Preparem-se! O que vem aí não vai ser nada parecido com o que já veio...embora possa ser muito semelhante.


Muito me espanta a capacidade do protesto nacional.
Somos um povo sempre disposto a protestar por tudo e, na maioria das vezes, por nada.
Não sou contra o protesto!
Acho mesmo que o protesto é uma arma tão digna como a ponta de uma caneta.
Neste país o protesto faz-se por ondas.
Estamos agora na onda da educação.
Na crista estão os professores e o modelo de avaliação, e os alunos que exigem qualquer coisa que não se percebe muito bem o que é. Quando se pede a um aluno para explicar por que faz greve ou protesto, ele balbucia dois ou três fonemas e depois vêm os outros gritar: “Tá na hora, tá na hora da ministra iiiiiiiiir embooooora!”.
Pelo protesto entende-se que não devem querer que a ministra trabalhe até tão tarde, que se lembre que tem família em casa à espera do jantar e que isto de trabalhar até depois das 18h não se faz até porque há meias para coser e roupa para passar a ferro.
Alguns vão até mais longe e dizem que estão em greve porque os outros também estão, ou porque sim, uma das razões actuais mais válidas.
Há ainda os verdadeiros que, a medo, admitem que não sabem porque fazem greve.

Depois da onda da educação, o blog “Gosto de Ti Assim” conseguiu, sempre à custa de muito trabalho e “idóneas cunhas”, saber quais serão as próximas ondas do protesto nacional.

- Agendada para Janeiro está já a insurgência, contra a estupidez de ter gasto três subsídios de Natal em peúgas e after-shaves para meia família e bonecada (que deixa de funcionar em dois dias) para a outra metade.
- Fevereiro irá trazer às ruas do nosso Portugal, milhares de brasileiros radicados, que protestarão contra a chuva que cai em mês de Carnaval.
A este desígnio juntar-se-ão ainda mais milhares de portugueses a reclamar uma semana de feriado, um “sambódromo” no Porto, outro em Lisboa (no Algarve serve o estádio municipal do Loulé), garotas descascadas, cerveja e preservativos à borla.
- O mês de Março será agitado pelas bandeiras e os cartazes dos alunos do ensino básico, contra a alegada indestrutibilidade do computador “Magalhães”. Afinal, depois de cinco pontapés e dois mergulhos nas poças de lama das escolas, aquela coisa não funciona. Nem sequer tem altura suficiente para fazer de marcador de baliza nos intervalos das aulas.
- Em Abril é caso para dizer, “protestos mil”.
Serão os ex-combatentes, os combatentes, os sem batentes e sem patentes, os produtores de cravos, os fascistas, os optimistas (que votaram neste governo), e outros “istas” da nossa sociedade.
Abril será uma das ondas mais agitadas do protesto nacional porque teremos ainda os Capitães de Abril a desdobrarem-se em entrevistas, e o povo exaltado com o sono que provoca o discurso do Exmo. Senhor Presidente de República em dia feriado.
- Maio é o mês da luta.
CGTP e UGT, os verdadeiros filhos da luta, saem à rua com os mesmos panos negros ou vermelhos e as frases rasgadas dos últimos anos. Todos, de punhos no ar, tentarão dar murros na atmosfera como se estivessem a esmoucar a cara do Sócrates.
Ainda em Maio, na última semana, sairão à calçada seis milhões de benfiquistas a protestar contra mais um campeonato ganho pelo Futebol Clube do Porto, ostentando cartazes com o dito: “SLB! SLB! Para o Ano É Que Vai Sê!”.
- Em Junho os portugueses vão finalmente perceber que se protestaram pelo aumento dos combustíveis e consequente aumento do pão e outros bens essenciais, então como o petróleo baixou, seria de reclamar a baixa dos preços que se apoiaram na escalada do ouro negro.

Estamos ainda a apurar que outras ondas do manifesto nacional farão parte da agenda para os restantes meses do nosso calendário, mas para já a tarefa afigura-se difícil pelos entraves apresentados pela CMVM e o Banco de Portugal à instituição de crédito que me financia o pagamento das “luvas” às “idóneas cunhas”.

5 comentários:

Vera disse...

Subscrevo o protesto de Janeiro. O consumo natalício não tem eco em mim...

Si disse...

A partir de Junho, penso eu 'de que', os protestos irão acalmar. Os portugueses voltarão a ficar enebriados com a catadupa de inagurações, benesses e promessas radicais que se fazem em tempo de antena eleitoral, gasto nas viagens do leva e traz de políticos em contacto, ao vivo e em directo, com as populações.
E, além de que, os prostestantes também têm direito a férias, não é....??

Gi disse...

Depois virá a Deco com a Proteste a dizer que protesto não foi feito conforme os parâmetros por eles atribuídos.

Patti disse...

Eu protesto contra os que protestam e se queixam e não fazem nada para mudar alguma coisa.

Anónimo disse...

Não tenho nada contra quem protesta, até porque também protesto muito, mas constarnge-me pensar que se protesta mais do que se age...