quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Então, continuação sim?

Às vezes apetece-me falar das coisas, aquelas pequenas coisas de todos os dias, mas que nos dão cabo da cabeça.
São manias!
Há coisas que eu não entendo e, o pior de tudo, é que não entendo porquê.

Hoje dei comigo a pensar sobre aquelas pessoas que têm uma frase para quase todas as conversas. Aliás, acho que a palavra quase, era dispensável no período anterior.
Estas pessoas têm mesmo estudada, e na ponta da língua, uma frase para nos atirar às trombas seja em que momento for.
Há algumas mais detestáveis que outras, eu tenho mesmo um top, estilo top mais nacional, desses estribilhos modernos que me causam grande aleijão ao encéfalo.
São expressões que, com origem urbana, se espalharam já pelo interior do país ao mais grave estilo pandémico.
É que já não se pode escapar!
Da gripe da aves ainda duvido, agora desta maleita das novas frases não tenho dúvidas o país está tomado.

Se repararem vão verificar que aparecem em qualquer conversa, independentemente do grau académico, idade, sexo ou religião do interlocutor, embora funcione melhor, e não sei porquê, em empregados com muito pouco para fazer, explico mais à frente.
Basta meio dedo de conversa e tunga toma lá feijões.
Aparecem sempre estejamos nós a tomar um café, fumar um cigarrito, ou até a fazer uma rendita.

Ora imagine que alguma pessoa que você conhece chega ao pé de si disposto a “enrolar fiado” ali cinco ou dez minutos.
Normalmente são pessoas que pouco fazem, têm solução para tudo, conhecem meio mundo e o outro meio, mas quando questionadas sobre o seu trabalho são capazes de fazer o sol andar à volta da terra, só para que acreditemos que são os mártires da empresa. E depois bufam, passam as mãos pela cabeça, viram os olhos para cima e encolhem um bocadinho a testa até se desenharem uns pequenos riscos horizontais exclamando sempre, em voz cansada: “Oh pá! Nem me digas nada!”
Se eles não querem que lhes digamos nada, porque é que vieram ter connosco?
Mas mesmo assim não desistem e avançam: “Então tá tudo?”
Mas tudo o quê? O que quer que lhe diga? Sobre o que quer, realmente, falar? Sobre a minha saúde, a educação dos meus filhos, o aumento da gasolina, o período fértil da minha mulher?

Pouco nos restará mais do que responder na linguagem deles e dizer:”Tá.”
Não caiam na asneira de devolverem a pergunta, porque se o fizerem ficam por vossa conta e risco.
Arriscam-se a receber um rol desabafos quase tão grande como o número de páginas do processo casa pia.
Ele perguntara-nos como estávamos mas, na primeira curva, levamos com uma avalanche de treta a dizer-nos como ele está.

Mas muito dificilmente conseguiremos abreviar ou fugir a este tipo de conversa.
Há alguns destes espécimes que a seguir perguntam sempre:”Sabes da última?”.
E qual é a nossa tendência?
É devolver a pergunta:”Qual?”
Erro crasso.
Caminho livre para o nosso amigo, contar aquela anedota, que os nossos ouvidos já vomitam pela enésima vez. E depois só o outro é que se ri, e nós para parecermos simpáticos, fazemos o nosso melhor sorriso amarelo e dizemos: ”Tá muito boa, sim senhor.” E pensamos: “...da-se, que mal fiz eu a Deus para levar com este gajo agora?”.

Estes tipos usam muito um: “Amanhã também é dia.” , e repetem frequentemente: “Ouve lá!” e “Tás a ver?” depois se o assunto virar para as doenças o médico que eles conhecem é sempre: “Um grande médico, dos melhores do país e chefe do serviço de um hospital qualquer”.

No fim chega a apoteose.
É aquilo que me dá, verdadeiramente, volta à cachimónia.
Estes nossos “queridos” despedem-se sempre: “Então pá, continuação!”
!!!
???
Hellooooo!!!!!
Continuação?!
Continuação, pressupõe um complemento.
Continuação de quê?
Continuação de boas conversas com parvos como tu?
Continuação de boa saudinha?
Continuação de bom dia, boa noite?
E quando um tipo está doente?
Continuação da doença?
Por amor de Deus!
E os piores são aqueles que vão, ainda, mais longe chegando mesmo a
desejar-nos: “Boa continuação”.
Porquê?
Têm medo que a continuação não continue?

Bem parece que já entenderam a ideia.
Sou só eu, ou vocês também têm amigos assim?

6 comentários:

Unknown disse...

Oi Victor,
Sou jornalista brasileira de uma revista social chamada Sorria* e estou fazendo uma matéria sobre pessoas que amam a si mesmas como são, se aceitam, são autênticas. Lendo o seu blog encontrei em você um ótimo personagem. Você conversaria comigo para eu te explicar melhor a minha matéria, a revista em que trablho, eu te conhecer e você ver se quer participar?
Meu e-mail profissional é simone@editoramol.com.br, agradeço se você escrever.
Abraços,

Si disse...

Há pessoas que têm uma lata!!
Montes de gente que eu conheço assim!!
Ouve lá, são umas melgas, tás a ver? Principalmente quando nos locais de trabalho nos provocam dores de cabeça imensas, com essas parvoeiras, enquanto nós nos matamos a trabalhar e eles descansam, sim porque tu nem sabes da última, e se te contasse, tu até morrias de susto, tu nem me digas nada, mas como sou tua amiga, até tenho de te avisar, mas pronto, amanhã também é dia, não é, e tu já deves estar cansado...
Bem, Victor, boa continuação para ti e que Deus te livre deste amigos, credo!!

1/4 de Fada disse...

Amigos, amigos, não diria, mas conhecidos acredite que tenho uma molhada deles! Adotei essa da continuação...

Anónimo disse...

Já me fartei de rir, porque m vi perante cenas idênicas que também me irritam solenemente. Entã essa da "Continuação...." My God!
Olhe, Victor, então Continuação...

Gi disse...

Então é assim ... é na boa ... tá-se!

Três expressões que me irritam a par do, basicamente.


Continuação de boas melhoras - o meu "boss" utiliza esta!

Victor Cardoso disse...

Óh pá!
Altamente!
Continuação para todos, sim?