segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Coisas que me atravessam a cabeça no Natal, embora não aqueçam nem arrefeçam esta época de amizade, paz e outras cenas assim.


É dia primeiro de Dezembro, e está oficialmente inaugurada a época de caça à prenda, perdão, a época da dádiva do amor pelo nada.
O PCP termina mais um congresso cheio do habitual, com discursos e punhos cerrados no ar, com gritos estonteantes de “Assim se vê a força do PC” e outros que me é difícil entender (com o barulho dos putos a correr pela casa em dia feriado).
Ainda espreitei para a tv, entre uma orelha e a outra do meu puto, para ver se o Jerónimo ia anunciar que a Odete este ano seria o Pai Natal vestidinha a rigor, mas não!
Pelos lados do Campo Pequeno, tudo pequeno e certinho com dantes.

Mas esta coisa do Natal tem sempre algo que me embaraça as ideias.
Desde logo uma pergunta que ando há anos para fazer e sempre que a arrumo na ideia, pumba...esqueço-me.

“Por que raio é que os anúncios de televisão a perfumes são sempre feitos em Inglês ou Francês?”
Será que se forem feitos em português a essência perde-se, e passam a cheirar menos bem?
Será que ninguém compra um frasquinho só porque é anunciado na nossa língua materna?

Mas o Natal traz também outros fenómenos que me atrapalham os ideais.
Sim! Eu sei que nesta época estamos com o coração mais aberto, com a mente mais receptiva, com a carteira mais disponível (?), despidos de preconceitos, e carregados de roupa até às orelhas.

Mas esta coisa das campanhas, para ajudar os pobrezinhos, os reféns, os aleijadinhos, os bombeiros, a ajuda de mãe, a ajuda de pai, a ajuda do vizinho, os hipopótamos, o Tony Carreira, os gatos perdidos no meio da selva, os macacos dos testes científicos, os vendedores de “Magalhães”, o banco alimentar, os bancos em rotura financeira depois de terem acumulado lucros ao longo de uma pipa de anos, entre muitos outros, não me parece muito oportuna.

São campanhas para tudo e para todos.
O povo lá vai dando, um euro para aqui, um saquito de arroz para ali, um sorriso para o outro, e um “Já dei” para outro ainda.
Admito que há campanhas que aproveitam a festividade e são, de facto, oportunas e desejáveis, mas outras há que se limitam a montar barraca à porta do centro comercial e a arrancar uns cobres em troca de um autocolante que ninguém lê.

Outras perguntas que me atravessam o pensamento são:
“Há alguém que controle isto?”
“Será que o dinheiro que damos, vai mesmo para os que dele necessitam?”
Não sei porquê, mas continuo a pensar que há muita gente que se aproveita da boa vontade nacional.

Serei só eu?

5 comentários:

1/4 de Fada disse...

Não é, não. Hoje caí na asneira de ir a um centro comercial à hora de almoço, pensando que talvez houvesse pouca gente, por causa da chuva, do frio, da crise, da ponte, eu sei lá... Entrei e saí, com medo de ser engolida pela multidão embriagada em fúria consumista, mas tive tempo de reparar em dois peditórios. Pela quantidade que há, devem fazer dinheiro, para onde vai esse dineiro é que já não sei.

Anónimo disse...

Não é, não! Hoje também escrevo sobre esta época lá no Rochedo!

Si disse...

Dinheiro é dinheiro e a sua presença suscita sempre um excesso de salivação por parte de alguém - como por exemplo a funcionária de uma instituição bancária que desviou metade do montante angariado numa conta solidária a favor de uma criança com um tumor cerebral.
Daí que a minha solidariedade seja prestada com todo o gosto a campanhas como a do Banco Alimentar, que, por muito torcidas que sejam as mentes, não me parece que consigam aldrabar ou enriquecer alguém à custa de umas centenas de quilos de arroz pingo doce, massa estrelinha lidl, ou feijão manteiga jumbo.
Duvido das campanhas que pedem dinheiro, como duvido da ajuda que este dá ao arrumador de carros.
Peçam-me comida, água ou leite, roupa, cobertores, medicamentos, ou o que quiserem, em géneros. Em dinheiro, não.

Gi disse...

É uma questão de Género: o vil metal fáz o género de mimens gente;

Quanto aos Perfumes ... fossem eles falados em espanhol e logo via se não eram dobrados para português. ;)

Victor Cardoso disse...

Afinal não sou só eu...ufa!...estava a ficar preocupado.