domingo, 30 de novembro de 2008

Vestido Negro


Lá vens tu, com esse vestido negro.
Preto como o breu que trazes no pensamento.
Negro como o olhar que me dás,
em troca de um só momento.
Olho em frente, e lá estás tu...
Linda com esse vestido negro,
amarrotado ainda
pelo peso do meu corpo.

E tu com esse olhar tão negro,
tão presente e tão profundo.
Negro como é negro o manto
que envolve o nosso mundo.
Preto, como esse vestido que trazes
na pele, que te desenha os dias,
que te rasga a vontade,
e que te faz fazer tudo o que fazes.

O teu vestido negro cobre-te o ser,
e disfarça-te a alma.
Esse teu vestido negro
rebenta em pedaços o sentido da calma.

Vejo-te, sempre assim, linda
e perco o sentido.
Já não sei se ele és tu,
ou se tu és o vestido.

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Não sabia que eras assim...




Hei!
Passas assim e....nada!

Hoje quase nem me ligaste o dia todo.
Que é que se passa?
Estás naqueles dias?
Não?!
Então porque não falas comigo?

Não digas isso. Não são nada muitas perguntas só para um trocar de olhar.
Lá estás tu com essa mania de meter a poesia em tudo.
Tens a noção, que há gente que não sente, gente que não ouve nem lê?
Sabias que há gente que não se importa e gente que nem vê?
Porque é que te julgas assim tão importante?
Incapaz de olhar para mim, de me dizeres, ao menos, bom dia.

Ah, ah, ah, essa é boa!
Dizes sempre isso, mas só quando te convém.
Agora a culpa é minha!
Eu, que faço tudo por cruzar todos os dias o meu destino com o teu?
Eu, que, todos os dias, bebo a tua luz, respiro o teu ar?
Eu, não!
Eu, não tenho a culpa.
Sabes?
Há coisas que não se explicam e esta nossa atracção também é assim.
A culpa é das palavras, que não nos deixam em paz.
E se, entre nós, não existissem as palavras?
Poderíamos ser tão felizes.
As palavras tudo fazem e tudo desfazem, não é?
Sabes?
Acho que o nosso amor é calado.
Um amor que não se funde enquanto existirem as palavras.

Mas estamos para aqui a falar há séculos e ainda não te disse o que queria.
Não! Calma!
Não vais começar, outra vez, com essas tuas lamúrias.
Não temas, desta vez não te vou julgar, aliás prometi não o voltar a fazer.
E desta vez é para cumprir. Juro.

Irra!
Outra vez?!
Mas eu não sou como todos!
Já me irrita isso que teimas em dizer.
A propósito, isso é o quê? Uma cena de mulheres?
As gajas agora têm todas essa mania, é?

Como?
Gostaste?!
Gostas que te chame assim?

Outra vez?
Não.
Está bem, eu digo.
Gaja.
O quê?
Gaja, gaja, gaja...
Não sabia que gostavas assim tanto.

Se te conhecesse?!
E porque não, se te revelasses?
No fundo estou a ver que o que realmente te atrai, é a vulgaridade.
É curioso. Nunca imaginei isso de ti, sempre te vi de maneira diferente.

Sim, também acho.
Se calhar foi por isso que nunca conseguimos ter uma conversa assim.

Não digas isso.
Claro que tiveste culpa, mas eu também.
Sabes que mais?
O que importa o passado?
Nada!
O que ficou para trás ficou, ponto final.

Vamos começar outra vez.

Adeus semana, vou esperar por ti um ano inteiro.

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

A Verdadeira Manif

Recebi por e-mail e não resisti.

O Beijo


As ideias mais felizes do mundo, normalmente, são também as mais criticadas e, permitam-me, as mais malucas pelo menos no tempo em que são proferidas. Isso acontece aos melhores. Não quero com isto chamar maluco a ninguém. Foi assim com um número bastante alargado dos melhores exemplares da nossa espécie. E depois, pumba! Com o tempo provou-se que tinham razão. São, como dizem os nossos jovenzinhos, seres muito à frente. Estão a ver a cena? Tipo, sei lá, seres muito à frente. Mas tótil! Assim, tipo, bués.
É curiosa esta maneira de falar, só me irrita um bocadinho porque o corrector do “microsoft word” está sempre a assinalar erros ortográficos. Mas paciência.
É a evolução, dizem uns.
É uma merda de educação, dizem os outros que ainda vivem no tempo em que a palavra pesava um pouco mais que um acto.
Acho que a língua é uma coisa viva e por isso dinâmica (não, seus marotos...já estavam a pensar que eu ia falar no tão polémico acordo ortográfico). Não. Não vou agora. Falo um pouco mais à frente quando não tiver temas suficientemente inócuos para abordar.
O que eu quero focar neste momento é mesmo o que se faz com a língua – o órgão que fica situado na cavidade bocal e que serve para muitas coisas, entre as quais os famosos linguados, não o peixe pleuronecto de corpo achatado, muito apreciado e vulgar na costa de Portugal, mas beijos de fama mundial celebrizados, publicitados e amplificados no nosso país através das diversas telenovelas e filmes estrangeiros de cariz muito, pouco ou mesmo nada duvidoso.
Já pensaram que o beijo foi das coisas que também evoluiu nestes últimos, talvez, 20 ou 30 anos?
É isso, o beijo. Tanto falamos dele, tantos damos, ou pelo menos devemos dar - senão mais vale olhar para o espelho ou ir a correr ao psicólogo mais próximo ou então ir ao dentista. Mas será que alguém já parou para pensar nele? Não no dentista...no beijo! Creio que não.
Pensem lá como seria imaginar certas pessoas a beijarem-se?
É esquisito imaginar o Sr. Presidente a introduzir a sua língua na boca da primeira dama por, pelo menos, 2 ou 3 minutos, ou, por exemplo, Mário Soares oscular longamente Maria Barroso. Seria também estranho imaginar num longo beijo, Luís Filipe Meneses, Manuela Ferreira Leite, Victor Constâncio, Francisco Louçã, Zita Seabra, Jaime Gama ou mesmo Jerónimo de Sousa. Já mais fácil é imaginar, Pedro Santana Lopes, Ana Drago, Nuno Melo entre outros.
Imaginem lá, os vossos avós, ou se conseguirem ir mais atrás vão. ... ... Estão a ver?! Devia ser uma coisa tipo Pepe Rápido, a coisa, quando ia, não ia além do toca e foge.
O beijo não seria mais do que o poisar levemente os lábios nalguma pessoa normalmente de sexo diferente.
Agora não!
Isto demora o tempo que demora, tem o seu ritmo, a sua onda. Tudo se beija, em todo o lado, a todas as horas, e mesmo sem reparar no sexo, ou, às vezes, até no que se está a beijar.
Como estão a ver o beijo evoluiu mas continua, a ser aquela cena romântica, com que um tipo brinda uma dama, e cria aquele ambiente onde, normalmente os nossos jovenzinhos ficam com cara de parvos e todos vermelhos com as borbulhas quase a rebentar.
Serve isto tudo, meus amigos, para dizer que eu atribuo importância ao beijo. Não que tenha personalidade jurídica, mas, para mim, é quase uma entidade no edifício do amor (uau que lindo e tão rasca).
Por isso não acho bem andarem a dar-se beijos por aí a torto e a direito.
O beijo está hoje pelas ruas da amargura, dá-se beijos por tudo e por nada.
Vai um gajo na rua e: “Hei! Olá! Toma lá beijnho.”
Vem um tipo do hipermerado, cheio de sacos, com os putos a berrar, a deixar cair a chave do carro e de repente aparece aquela pessoa que não víamos há séculos, e não nos importávamos de continuar a não ver, e pimba – lá vai beijo.
E pior pior, é o facto de agora todos os jogadores de futebol darem beijos uns aos outros quando são substituídos.
Mas eles dizem o quê?!
“- Olha pá fico imensamente feliz por te ver a entrar em campo, e ainda por cima vais substituir-me, és mesmo romântico, toma lá beijinho.”
“- Oh pá! Eu não estava nada à espera, foi uma coisa que o mister decidiu, e eu fiquei muito sensibilizado, toma lá beijinho.”
Isto é alguma coisa?!
Bem, se calhar, sou eu. Se calhar, estes são dos tais que estão muito à frente. Só que devem estar mesmo muito porque assim, pelo menos eu, não os vejo.
Ora, como teima em dizer uma pessoa amiga, poupem-me.
Ah! Beijinhos para todos

(peço desculpa mas por falta de tempo decidi repetir este post)

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Comunicado

Já muito se tem falado do recente comunicado (ao estilo das conversas em família) do Exmo. Sr. Presidente da República, a propósito do caso BPN e das eventuais ligações (que ninguém sabia ou desconfiava) da mais alta figura do estado ao caso.
O blog “Gosto de Ti Assim” foi mais longe e, depois de investigar com todo o afinco e furar por muralhas intransponíveis, teve acesso, em primeira mão e exclusivo, a alguns dos próximos comunicados do Professor Cavaco Silva.

Comunicados agendados para divulgação, à média de um por mês:

1º - Vem o Sr. Presidente da República esclarecer, que, ao contrário do que se possa vir a desconfiar, não teve nada a ver, nem o seu nome poderá ser associado ao divórcio de Amy Winehouse.

2º - Esclarece o Altíssimo Representante da Nação, que, apesar dos boatos que eventualmente não surgirão, não tem nem teve nada a ver com a contestação que Paulo Bento faz frequentemente aos árbitros.

3º - Sua Excia. O Presidente Cavaco Silva, após demorada introspecção, sublinha que o seu nome, por mais que ninguém pense nisso, não poderá estar, ou aparecer, ligado a eventuais avarias que o computador “Magalhães” venha a manifestar depois de ter sido atirado mais do que uma vez ao chão, ter sofrido o derrame de uma ou mais latas de coca-cola, ou ter sido, eventualmente, utilizado como torradeira por famílias de baixos rendimentos com 5 ou mais filhos.

4º - O Professor Aníbal Cavaco Silva, sublinha, que o seu nome não deverá ser, de forma nenhuma, pronunciado ou até sugerido em assuntos que tenham directamente a ver com a resolução dos problemas reais dos portugueses.
Nunca Sua Excia., em actividades passadas ou presentes, se envolveu ou se envolverá por este caminho, sempre tortuoso e sujeito a rumores, oriundos de uma certa parte da população sempre interessada na atoarda ou na balela.

5º - Esclarece o Marido da Primeira Dama, que, neste momento, ainda se encontra a investigar e nem tem a certeza que algum dia tenha sido primeiro ministro deste país, ou até que tenha concorrido ao cargo de presidente da república.
Pelo sim e pelo não, e para evitar boatos ou desconfianças futuras, o Sr. Silva afasta, desde já, todas as dúvidas em relação a qualquer assunto que tenha a ver com o país Portugal, aliás, lugar que mal conhece, e duvida até que exista.

terça-feira, 25 de novembro de 2008

Desafios...ao sabor da corrente.


Apontado pelo indicador que sente o vento no “Rochedo”, que nos suporta o olhar e nos inunda as ideias, venho aqui, na onda calma da corrente, deixar-me levar pelos instintos do desafio.
Sem pregas no espírito que, todos os dias, me reclama a contradição, o desejo, a garra e o sentir.
Sem regras de humano invento, e sem colapsos ou quedas no meu índice de vontade, que flutua ao sabor do momento e da companhia.
Ainda assim sujeito ao jugo do tempo, onde a física se prova, e a lei de Newton se impõe...contrariada, agora na minha vida, pelo relógio que corre devagar e pela ciência que me empurra para a frente, sem que a carne responda ao impulso.
Escolhi por isso algumas músicas de Alan Parsons Project, não por ser o que mais gosto mas por ser o que mais se adequa ao meu momento.

És homem ou mulher? - I Robot
Descreve-te: - Eye In The Sky
O que é que as pessoas acham de ti? – Let’s Talk About Me
Como descreves o teu último relacionamento? – Standing On Higher Ground
Descreve o estado actual da tua relação. – La Sagrada Familia
Onde querias estar agora? – Some Other Time
O que pensas a respeito do amor? – Silence And I
Como é a tua vida? – The Eagle Will Rise Again
O que pedirias se pudesses ter um desejo? – Old And Wise
Escreve uma frase sábia. – Day After Day (The Show Must Go On)

Agitando as marés o desafio segue e convido a NI, Djinn e Pensador.

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Eduquê?


Tenho vindo a acompanhar as diversas manifestações, greves, palavrões e excitações dos professores contra a ministra da educação e a aquela coisa das avaliações.
Tenho para mim que a luta deverá ser justa, ou não levaria à rua tantos mestres da pena, giz e quadro negro.
Não, não é! Dizem uns tantos que argumentam com gestos sempre agitados e palavras repentinas atiradas à granada contra tudo o que mexe e se parece com um jornalista.

Nesta luta interminável, creio com todo o ser que o problema principal não será a ministra nem os professores, mas a arbitragem.
É assim como no futebol quando o sporting perde, empata ou ganha.
No sporting aparece sempre o Paulo Bento no final a dizer que o nojo lhe invade a alma, ou, para não ser castigado pela liga de clubes, que a alma lhe é invadida por um sentimento que ele sabe mas não diz.

Na educação, para mim o nojo é-me provocado pelos sindicatos, principalmente pela FENPROF, que seja qual for o governo ou o ministro, o que importa é sair e erguer as bandeiras e a voz contra o ministério.

O Sr. Professor Mário Nogueira é um árbitro nesta luta, presidente do sindicato que durante todos estes anos leccionou apenas cerca de 6 meses, tendo sido candidato a deputado pela CDU de Coimbra entre outras actividades.
Foi eleito para secretário-geral da FENPROF em eleições onde, pela primeira vez na federação, houve dois candidatos tendo atingido uma “maioria confortável” dos votos, mas sem resultados divulgados.
Não me admirava que qualquer dia víssemos ex-governantes, governantes, pais e até professores na rua a exigir a demissão de Mário Nogueira.

Poderão ser justas, como já referi, as lutas dos professores e os seus intentos de elevar o nível de respeito que a classe merece por parte de toda a sociedade e de todo o estado. Mas serão justas as formas como os sindicatos têm, ano após ano, contestado tudo e todos?
Será justo assinar um memorando de entendimento e depois dar o escrito por não escrito?
Não lhes parece que há uma “agenda grevista” elaborada pelos sindicatos para justificar a actividade e o tempo que os seus dirigentes dedicam à causa?
Não será a greve um género de “cosa nostra” da FENPROF?
Não estarão viciados à partida os resultados das negociações do governo com os sindicatos?
Não serão os professores também mal tratados e representados por este sindicato de esquerda que promove viagens a Cuba na sua página na Internet?
Não sou, nem nunca serei, contra a actividade sindical livre e empenhada na defesa dos direitos das classes. Mas são algumas questões que muitas vezes me invadem o pensar.

Começo a pensar que o Sr. Professor Mário Nogueira está para a greve como o Sr. Albino Almeida, presidente da CONFAP (Confederação Nacional de Federações de Associações de Pais – só o nome assusta) está para o governo. São amores que não de dissociam.
E para terminar uma sugestão.

Já que o Sr. Professor Mário Nogueira parece mais interessado em trazer os professores para a rua do que realmente discutir e participar na dignificação do estatuto do professor, pelo menos corte o bigode (é que já nem os árbitros o usam).

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Palavras de um meu rebento...

O Sentimento

Num dia escuro de tempestade,
tudo é o mesmo.
A tempestade abraça a chuva
como se não houvesse amanhã.
As nuvens passeiam pelo mundo fora
querendo ter tudo,
uma última vez.
O céu prende os raios
como se tivesse medo de não os voltar a sentir.
*
*
E eu aqui,
choro,
sabendo que o facto de não te voltar a ter,
não era uma opção,
mas sim uma obrigação.
Nunca mais te vou poder abraçar,
como a tempestade.
Passear contigo,
como as nuvens.
E...prender-te a mim,
como o céu.
*
*
Agora cada vez que abraçar as lembranças
e passear com o medo,
vou lembrar o sentimento
que me prende a ti.
*
*
Obrigado Sofia é com muito orgulho que publico este texto teu.

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

A dita...mole


Estou farto destas cenas da política.
Já me é difícil distinguir o que é novela ou o que é notícia nas televisões nacionais.
O clique deu-se com esta Sra. que agora governa o PSD e que disse uma frase qualquer que fez as oposições encher as bochechas de ar e soltar uns baldes de perdigotos para os microfones dos jornalistas.

Mas que classe é esta que se arrepia com uma frase, arregaça as mangas e ameaça ir à luta (tipo agarrem-me senão ele mata-me), enche de cuspo as lentes das câmaras de televisão e esbofeteia-se, como se estivesse em jogo salvar os pobres da fome?
Que jornalismo é este que continua a empolar as pequenas coisas em detrimento das grandes ou mais pequenas mas sempre verdadeiras causas?

A política é hoje não mais do que um enredo lastimável, levado à cena com actores desqualificados e sem vocação.
O pior é que o teatro continua cheio com o povo português a assistir e a pagar um preço demasiado alto pelo bilhete.

São sempre as mesmas lutas, os mesmos nomes, as mesmas frases e as mesmas moscas.
Neste país até a merda é sempre a mesma.

O português já nem medo tem da ditadura, o que nos apavora é ficar com a dita...mole.

Será que dava para, em vez da democracia, pararmos de ser parvos nem que fosse por seis meses?

terça-feira, 18 de novembro de 2008

Será que ainda vale a pena?

Será que ainda vale a pena sentir o teu sopro na noite serena?
Será que ainda vales a preocupação, o desejo, a vontade?
Será que ainda tenho em ti o orgulho da primeira vez?
Será que ainda te valho nos dias em que ninguém te acode?
Será que ainda estás aí, à minha espera, com o teu pensar em branco para eu preencher?
Será que ainda temes a minha próxima gota de suor, nascida da luta do nosso amor?
Será que ainda te olho como te olhei daquela vez?
Blog, desculpa a minha ausência, mas a nossa relação tornou-se assim rotineira.
Algum de nós tinha de fazer alguma coisa, e tu nunca tiveste a coragem de dar o primeiro passo.
Foi bom dar-te um tempo.
Foi bom dar-me o pensar.
Regresso hoje para ti, se ainda me quiseres.
Que dizes?
Será que ainda vale a pena?