segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Eduquê?


Tenho vindo a acompanhar as diversas manifestações, greves, palavrões e excitações dos professores contra a ministra da educação e a aquela coisa das avaliações.
Tenho para mim que a luta deverá ser justa, ou não levaria à rua tantos mestres da pena, giz e quadro negro.
Não, não é! Dizem uns tantos que argumentam com gestos sempre agitados e palavras repentinas atiradas à granada contra tudo o que mexe e se parece com um jornalista.

Nesta luta interminável, creio com todo o ser que o problema principal não será a ministra nem os professores, mas a arbitragem.
É assim como no futebol quando o sporting perde, empata ou ganha.
No sporting aparece sempre o Paulo Bento no final a dizer que o nojo lhe invade a alma, ou, para não ser castigado pela liga de clubes, que a alma lhe é invadida por um sentimento que ele sabe mas não diz.

Na educação, para mim o nojo é-me provocado pelos sindicatos, principalmente pela FENPROF, que seja qual for o governo ou o ministro, o que importa é sair e erguer as bandeiras e a voz contra o ministério.

O Sr. Professor Mário Nogueira é um árbitro nesta luta, presidente do sindicato que durante todos estes anos leccionou apenas cerca de 6 meses, tendo sido candidato a deputado pela CDU de Coimbra entre outras actividades.
Foi eleito para secretário-geral da FENPROF em eleições onde, pela primeira vez na federação, houve dois candidatos tendo atingido uma “maioria confortável” dos votos, mas sem resultados divulgados.
Não me admirava que qualquer dia víssemos ex-governantes, governantes, pais e até professores na rua a exigir a demissão de Mário Nogueira.

Poderão ser justas, como já referi, as lutas dos professores e os seus intentos de elevar o nível de respeito que a classe merece por parte de toda a sociedade e de todo o estado. Mas serão justas as formas como os sindicatos têm, ano após ano, contestado tudo e todos?
Será justo assinar um memorando de entendimento e depois dar o escrito por não escrito?
Não lhes parece que há uma “agenda grevista” elaborada pelos sindicatos para justificar a actividade e o tempo que os seus dirigentes dedicam à causa?
Não será a greve um género de “cosa nostra” da FENPROF?
Não estarão viciados à partida os resultados das negociações do governo com os sindicatos?
Não serão os professores também mal tratados e representados por este sindicato de esquerda que promove viagens a Cuba na sua página na Internet?
Não sou, nem nunca serei, contra a actividade sindical livre e empenhada na defesa dos direitos das classes. Mas são algumas questões que muitas vezes me invadem o pensar.

Começo a pensar que o Sr. Professor Mário Nogueira está para a greve como o Sr. Albino Almeida, presidente da CONFAP (Confederação Nacional de Federações de Associações de Pais – só o nome assusta) está para o governo. São amores que não de dissociam.
E para terminar uma sugestão.

Já que o Sr. Professor Mário Nogueira parece mais interessado em trazer os professores para a rua do que realmente discutir e participar na dignificação do estatuto do professor, pelo menos corte o bigode (é que já nem os árbitros o usam).

9 comentários:

Gi disse...

Mereces uma clara ovação.
Esse Sr. Professor parece-me a mim que anda a ver quando poderá fazer uma omeleta russa.

Si disse...

É isto que me enoja na política. Os que se embandeiram em arco para supostamente defender interesses gerais, quando, na verdade, se limitam a defender os particulares, mas daqueles mesmo muito muito particulares, daqueles de que dependem as suas reformazitas, os seus carritos, as suas vivendazitas e tal....
Que nervossssssssss!!!

NI disse...

Tem que se compreender o homem. Ele anseia ser o próximo secretário-geral da CGTP.


Ele está tão preocupado com o ensino em Portugal como eu estou com a questão dos beduínos de Marrocos.

:-)

Bjs

Anónimo disse...

O sr Mário Nogueira tem dado uma péssima imagem do sindicalismo, contribuindo para dar razão aos seus detractores. Mesmo que os profs se queiram demarcar, ele colou-se-lhes como uma osga.

PS: deixei um desafio para si lá no Rochedo. Espero que aceite.
Abraço

1/4 de Fada disse...

Está coberto de razão. Esta é a minha opinião como professora e como cidadã e não sou uma minoria na minha classe. Mário Nogueira e a Fenprof não representam a grande meioria dos professores, tal como o sr. Albino e a Confap não representam os pais. Aliás, referir-se a M. Nogueira como professor é totalmente irreal, porque há muitos anos que ele não sabe o que é dar aulas e é essa a razão de ser da maioria dos sindicalistas. Infelizmente, são os únicos que se organizam de forma a conseguir fazer-se ouvir e mobilizar os milhares de descontentes que existem. Nem será a palavra mobilizar a melhor escolha, melhor será mostrar-lhe uma cruel realidade: quem mais neste país tem a organização e a experiência para conseguir levar até ao fim, de uma forma ordeira e segura, uma manifestação de 120 mil pessoas? Acredite que foi preciso um esforço incrível para tal. Eu, que não sou inexperiente em manifestações e não gosto do Nogueira nem pintado, reconheço que a manifestação do passado dia 8não seria possível sem a experiência dele e dos seus amigos. A passagem de tanta gente por "gargalos" como a R. do Ouro, saída do Rossio para a Avenida sem confusões foi difícil.
Concordo em absoluto com o que diz em relação à questão das greves:
1º eram marcadas às sextas feiras, depois lá perceberam o oportunismo da coisa. Depois não servem para nada senão para o Estado poupar uns milhões e os alunos ficarem por aí sem nada para fazer e virar a opinião pública contra nós. Pessoalmente não faço greve desde 1989 mas vou fazer no próximo dia 3de Dezembro porque a minha paciência esgotou-se e por muitos outros motivos.
Sei muito bem que a esmagadora maioria dos professores não quer nada do Mário Nogueira, mas infelizmente é o único sindicalista que temos. Será que se aplica a máxima de que cada classe tem os sindicalistas que merece? Espero bem que não... Ainda por cima com o bigode à José Estaline!

Anónimo disse...

Segui o conselho da 2Si" e cá vim para, em boa hora.
Sobre o tema, já disse no nosso blogobairro, que não dou mais para essa quermesse e que o Sr. Mário Nogueira é parte do problema e não da solução, quem aceita comentar e tomar decisão cinco minutos depois da Conferência de Imprensa da Ministra é porque está pouco interessado em resolver o quer que seja.
Com a sua permissão vou dar uma voltinha aqui no seu cantinho.

Quando puder ou quiser apareça em Porto de Mós, ainda que virtualmente.

Victor Cardoso disse...

Meus caros amigos agradeço os vossos comentários e concordo plenamente com todos, daí o meu tema.
1/4 de Fada, está coberta de razão quando diz que a maioria dos professores não quer nada com Mário Nogueira, a questão é:
O que quer Mário Nogueira dos professores?
Não será difícil advinhar.
Não sou professor, mas sou pai, e estou com os professores nesta luta pela dignidade.
Acima de tudo, volto a sublinhar, que aos professores a primeira e maior luta que encontrarão, será a reconquista da confiança por parte dos pais e do estado, como classe pilar de todas as sociedades, afastando-se dos "galos" sindicalistas, creio que só assim poderão depois avançar com legitimadade e apoio de todos para as questões do estatuto profissional.

Victor Cardoso disse...

Carlos, já vi e aceitei o desafio.

Victor Cardoso disse...

Pedro Oliveira, obrigado pela honra que ma dá quando bate à minha porta.
Já aceitei o seu convite que irei seguir com toda a atenção.