quinta-feira, 15 de maio de 2008

Não gosto nada disto

Uau! Há vida na blogosfera!
É lindo...ou linda...é uma menina, chama -se Ni, e é igualzinha a uma pessoa que eu conheço.
Fui, em conjunto com outros companheiros de plataforma (que bonito), no blog Ni Entre Amigos, desafiado a revelar as 6 coisas que mais odeio.
O Ni Entre Amigos está aqui ao lado, não clique agora, clique depois.
Vamos ao que interessa, e IRRA estou mesmo a rebentar...é que já é a segunda vez que vou escrever isto, a primeira perdi-a sem salvar. IRRA! Sou mesmo burro.
E depois ficamos com aquela sensação que, da primeira vez, tinha ficado muito melhor.
Bem adiante.
Vamos então saber o que é que me pode irritar, mas irritar com aquela força, que começo a sentir um arrepiozinho na bochecha esquerda, a respiração a acelerar, e o pé direito a bater, em ritmo rápido, com a ponta no chão.
Coisas que me irritam, tanto mas tanto, que até dá vontade de berrar, são algumas, mas vou ter de escolher 6. Sim eu sei.
Também me irritam tipos, assim como eu, que não vão logo directos ao assunto.
Primeiro deixem-me explicar a imagem lá em cima.
Ela vai ser fundamental, porque vai ser uma espécie de galardão, que irei atribuir às coisas que me irritam solenemente.
Já vão perceber.
Preparados?
Vamos lá.

1º- O primeiro troféu é atribuido "Aos dependentes do RSI (Rendimento Social de Inserção)"
Principalmente aqueles que vemos em grandes pequenos almoços, almoçaradas e jantaradas, com 3 ou 4 telemóveis, pulseiras gordas, bons carros, a falar alto e a terminar cada frase com um "..da-se".
Aqueles que não conseguimos entender como conseguem viver assim, sem trabalhar.
Aqueles que parece que sofrem muito, normalmente da coluna, estão sempre doentes e que por isso não trabalham.
Coitados.
Os que têm a mania de pensar que nós que trabalhamos somos uns grandes burros.
Aqueles a quem o governo tem de dar casa, transporte, comida e livros para os filhos irem à escola e depois vão para a televisão chorar.
Aqueles que dizem mal de tudo e de todos, em grandes bocas bezuntadas com o molho da picanha.
É vê-los empurrar com as suas grandes barrigas, os carrinhos de compras cheios do bom e do melhor. Normamente vêm dentro de fatos de treino muito garridos ou mesmo fluorescentes.
Esses! Já estão a ver?
Esses irritam-me um bom bocado.

2º- Senhoras e senhores o próximo troféu vai para: "Os políticos que nos têm governado nos últimos 30 e tal anos."
Não sei se sou só eu, mas já repararam que temos sido governados, neste nosso já longo período de liberdade, por incompetentes?
Vejamos.
Se Portugal fosse uma empresa o que teria acontecido aos gestores que durante 30 e tal anos só apresentam prejuízos?
Como é possível estarmos em crise há tantos anos?
Mais descarado é que esses políticos ainda nos fazem crer que a culpa é nossa.
E nós acreditamos.
Produzimos pouco, somos uns burros, não sabemos matemática, enfim não somos nada por aí fora. Somos quase uma vergonha de povo, que é uma sorte termos alguém que nos queira governar.
Já observaram que a crise é sempre num único sentido? O pobre paga ao rico.
Tenho para mim que a crise é "uma invenção dos ricos para enganar os pobres".
Pior só mesmo os cerca de 500, vá lá, 600 políticos que se vão arrastando e revesando pela Assembleia da República ao longo destes anos todos.
É fácil compreender se encararmos o parlamento como uma empresa onde trabalham lá aqueles senhores. O melhor é esquecermos que existem. É como o código da estrada - é assim porque é assim e pronto.

3º- Mais um trofeuzito agora para "As teias e malhas da lei, que permitem e produzem processos em câmara lenta, tão lenta que chego a duvidar que o papel, dos mesmos, aguente em termos de vida útil."
É uma coisa mesmo irritante.
Se eu pudesse escolher o que queria ser quando fosse grande, e se tivesse juízo, seria um processo legal.
Viveria anos e anos, sem ninguém me chatear muito.
Seria como uma espécie de "Morangos com Açucar" da TVI - nunca mais acabava.
Este é um país das maravilhas, onde o bom advogado é aquele que mais sabe a arte de enrolar. O melhor é o que trata os buracos legais por tu.
São estas malhas, qual emaranhado de ruelas como de uma favela, que permitem processos como o da Esmeralda.
Anos e anos sem se conseguir aplicar uma sentença.
Um caso onde parece ter mais força um grupo de "socialites" agregados a um sargento, que uma decisão de juíz.
Como é possível vir agora a mãe biológica requerer o poder para entregar a miúda aos afectivos?
E mais uma vez o caso é prolongado.
Isto é o mesmo que o ladrão vir agora processar a sua vítima.
E o relógio a contar.

4º- Mais um troféu desta vez para "A igreja e o seu rico dinheirinho"
Posso estar errado, mas das minhas tardes de catequese, uma das coisas que me recordo como um grande feito, foi a cena de Jesus a expulsar e até a dar umas valentes vergastadas nos vendedores do templo. Estarei enganado?
Pois o que se passa e que também me irrita, é esta mania que a igreja tem de meter dinheiro em tudo. Podem não acreditar mas até na missa eles pedem. É verdade!
Não vou, nem quero, discutir a questão mais profunda que é a fé.
Mas não estou de acordo com a transformação de locais de culto nos "Shopping Vaticano".
Eu sei que a igreja necessita do dinheirito para viver, para grandes obras, grandes basílicas, viagens, investigações, obras de arte, tecnologia, e ás vezes até para ajudar os pobrezinhos.
Mas será preciso meter o dinheiro na missa?
E vender, por exemplo, cinzeiros com a imagem de Nossa Senhora?
Será que os devotos não prefeririam ofertar noutra altura?
Ou será que a igreja não confia nos seus fieis?

5º- Mais uma voltinha mais um trofeuzinho para "A nossa assistência na Saúde."
Que saúde é esta com filas de espera tão longas, que uma parte das pessoas morre à espera da consulta?
E se forem velhos ainda pior. Já não basta estarem, pela ordem natural das coisas, mais perto do fim, como sofrem mais e morrem mais na tão popular lista de espera.
Proponho à ordem dos médicos que, ao rol do obituário nacional, acrescente mais uma causa - A Lista de Espera.
Já estou a imaginar num funeral:
- Morreu de quê?
- Ah! Coitado, foi de Lista de Espera.
- E foi muito tempo?
- Não! 3 anos.
Agora a sério, isto irrita-me.
Como ver velhos a levantarem-se às 2 e 3 da manhã para arranjarem vaga no centro de saúde. E depois levam com um médico que tem escarrapachado na cara um letreiro a dizer "Estou aqui obrigado, não me chateie muito".
Ver uma população que continua a idolatrar os médicos e quase tem receio de lhes falar olhos nos olhos.
Pior. Saber que a maior parte da nossa população coteja os medicamentos pelo que pode pagar e não pelo que necessita tomar. Com medo de exigir aos médicos que prescrevam genéricos, porque não têm dinheiro para pagar às grandes empresas farmacêuticas, que sustentam as viagens, desculpem, congressos dos nossos ricos doutores.

6º- Agora o último troféu para "A pretensa superioridade da capital em relação ao resto da país e o odiozinho de estimação pelo norte".
Não! Que ideia.
Desculpem lá, mas eu sou maluco. Por tudo e por nada vejo coisas onde elas não existem.
Sou eu, acreditem. Isto não é nada assim.
Eu, de facto, tenho cada uma.
Ia, agora, ser verdade que custa mais investir um euro no norte do que um milhão na capital.
Como também não pode ser verdade que a capital tenha por hábito cortar todas as vozes que se erguem no norte.
Não! Não é verdade.
Não é verdade que até os políticos da capital tenham a mania de dizer mal dos políticos do norte, e acabem com eles em três tempos.
Não é verdade que as televisões quando passam imagens da população do Porto não escolham só as imagens de mulheres gordas e desdentadas, a berrar que se fartam, ou então o "Emplastro".
Não é verdade que qualquer artista, jornalista, advogado, médico, etc, tenha de rumar à capital se quiser "singrar na vida" ou então "ir mais além na carreira".
Não é verdade que a capital sorria de nojo com o nosso sotaque.
Nada disto é verdade, eu sei.
Excusam de me dizer. Eu sei!
Mas deixem lá, eu sou assim e acredito em tudo o que me dizem.
O que é que se há-de fazer?
Sou assim, irrito-me com estas pequenas coisas.

4 comentários:

NI disse...

Nada contra. Também subscrevo estes pequenos grandes ódios, sendo certo que relativamente ao 1º não me oponho à ideia porque acredito que há pessoas que, de facto, com essa ajuda poderão levar uma vida minimamente digna. O que eu, de facto, odeio é o chico-esperto que se aproveita. Para esse era prisão.

Bjs

Nota - Não sabia que era linda, eheheheheheh

Victor Cardoso disse...

Claro que és.
E sim eu sei que há quem tenha necessidade genuina do RSI,mas os que me irritam são os que preenchem os quesitos que enumerei.

Beijos

Francisco o Pensador disse...

Agora sim...percebi integralmente as palavras da Ni...hehehe

Victor, subscrevo todos os seus "ódios" e assino por baixo..

Bem vindo ao clube.

Victor Cardoso disse...

Muito obrigado Pensador. É bom partilhar até os nossos ódios. hehhehe